O prestígio das profissões e os setores que mais geram riqueza na opinião dos brasileiros
O prestígio de uma profissão vai além de sua função social ou importância objetiva na cadeia de produção: tem forte conotação simbólica e não se forma ao acaso. Fatores históricos relacionados à consolidação das profissões no país, demandas por conhecimentos e habilidades em determinados períodos do desenvolvimento, relações de poder entre corporações profissionais, representações sobre reconhecimento social e incentivos financeiros se somam na constituição de um ranking de prestígio das profissões. Esse ranking pode ser reconfigurado periodicamente a partir de mudanças sociais e econômicas e da influência dos meios de comunicação e redes sociais.
Estariam os brasileiros alinhados ou não com essas tendências? É sobre essa dimensão do prestígio das profissões e da opinião acerca dos setores que mais geram riqueza no país que trata o Observatório Febraban, nessa edição de julho de 2023. Estudos internacionais do Gallup, YouGov e outros institutos também abordaram essa temática e serviram de referência para o presente levantamento.
Todos os estudos recentes sobre a temática de profissões e empregabilidade tratam das mudanças no mercado de trabalho, com surgimento de algumas atividades e declínio de outras. O Relatório “O Futuro dos Empregos 2023”, do Fórum Econômico Mundial, que analisa dados de 45 economias no mundo, afirma por exemplo que um quarto dos empregos deverá mudar nos próximos cinco anos. E chama a atenção para uma multiplicidade de fatores simultâneos, como transformação tecnológica e avanço da inteligência artificial, transição verde, mudanças dos padrões ESG e da localização das cadeias de suprimentos, que combinados a desafios econômicos moldarão a demanda por empregos e habilidades no futuro próximo.
Nesse cenário, não apenas as capacidades relacionadas à tecnologia estarão em ascensão, mas também os empregos verdes, educacionais e agrícolas. À luz dessas transformações, ganham relevância as políticas públicas voltadas à educação e requalificação, em que governos e educadores têm o desafio de gerar oportunidades de desenvolvimento das aptidões atualmente mais valorizadas.
No Brasil, como em todo o mundo, a pandemia escancarou um cenário de incerteza e acelerou uma série de mudanças antes pensadas para um horizonte de dez anos. Além disso, teria impactado na forma como as profissões são vistas, com aumento da valorização daquelas voltadas ao cuidado das pessoas. Dessa forma, cresce o debate sobre a reconfiguração, a partir das inovações tecnológicas e sob as tendências de ESG, da oferta e demanda de trabalho no país, bem como do status das diversas profissões.