NUMA DISPUTA ENGESSADA, JOVENS, MULHERES E POBRES GARANTEM A DIANTEIRA DE LULA SOBRE BOLSONARO.
1. DECORRIDOS 53 DIAS DO LEVANTAMENTO ANTERIOR, BOLSONARO AVANÇOU UM PONTO NO PRIMEIRO TURNO ESTIMULADO ( FOI DE 34% A 35%) E UM NO SEGUNDO (DE 35% PARA 36%). ENQUANTO LULA RECUOU UM PONTO NO PRIMEIRO TURNO ( DE 45% PARA 44%), MANTENDO 53% NO SEGUNDO. A atual distância entre eles – nove pontos no primeiro turno, quase metade da observada na segunda volta – é a menor desde junho do ano passado. Porém, para inverter o jogo o Presidente necessita acelerar muito mais. Se o ritmo de recuperação que apresentou nesses quase dois meses fosse o mesmo até 2 de outubro, ele só conseguiria subtrair três pontos da atual diferença, chegando às urnas ainda seis atrás de Lula, cerca de 9 milhões de votos. Na terceira posição, Ciro continuou com 9%; Simone subiu um ponto, para 4%; o mesmo ocorrendo com Janones, que passou para 2%; Felipe e Marçal repetiram o 1% da rodada anterior; e os demais não alcançaram 0,5%.
2. NOS DEMOGRÁFICOS, É, BASICAMENTE, O PLACAR ENTRE OS MAIS JOVENS (16-34 ANOS) ONDE LULA SUPERA NO PRIMEIRO TURNO BOLSONARO POR 50% A 27%; NAS MULHERES, EM QUE LULA TEM 48% E BOLSONARO 30%; E NA FAIXA DE 0-2 SALÁRIOS MÍNIMOS, COM LULA MARCANDO 51% CONTRA 28% DE BOLSONARO, O QUE EXPLICA A LIDERANÇA DO EX-PRESIDENTE.
3. AVALIAÇÃO E APROVAÇÃO DO INCUMBENTE SE ENTRELAÇAM COM O VOTO. GOVERNO GANHA UM PONTO NA AVALIAÇÃO POSITIVA ( ÓTIMO/ BOM VAI DE 31% A 32%) E NA APROVAÇÃO ( DE 35% A 36%). A opinião negativa (Ruim/ Péssima), (agora 49%) foi reduzida simetricamente, bem como a Desaprovação – que mediu 59%, pela primeira vez em um ano vindo abaixo dos 60%. Eu já comentei que desde o final do primeiro trimestre, com a campanha francamente antecipada, a diferença entre os valores assumidos por essas variáveis e os da intenção de voto do Presidente vem se desvanecendo, o que em outros pleitos só ocorre bem mais adiante. No Brasil, a avaliação dos Presidentes, Governadores e Prefeitos costuma melhorar em junho/julho dos anos de eleição, capitalizando os intensos investimentos publicitários deflagradas até 30 de junho, prazo limite da legislação eleitoral. Da mesma forma, e pelo mesmo motivo, cresce nesse período o volume de inaugurações e atos oficiais, tudo junto contribuindo para acentuar o que a ciência política denomina “a vantagem do incumbente” – uso da máquina, além do manejo da agenda pública, que os governantes detém. Esse fator, nesse ano especificamente, foi reforçado pela ofensiva vitoriosa do Presidente e seus aliados no Congresso para baixar o preço dos combustíveis em junho, e sobretudo pela viabilização da PEC que em julho atropelou pela primeira vez na história o período de vedação legal e criou novos benefícios pecuniários para diversos segmentos do eleitorado. Esses fatos alimentaram a expectativa de um movimento ascensional mais vigoroso na curva de aprovação do Governo, ainda não confirmada nesse levantamento. A esperança do campo oficial mira, então, em eventuais mudanças no humor dos que receberão o primeiro pagamento do auxílio turbinado, uma vez lhes chegando às mãos no início de agosto.
4. BIPOLARIZAÇÃO NÃO ARREFECE; AUMENTA O GRAU DE INTERESSE NO PLEITO, DE 69% PARA 71%; E OS DOIS LÍDERES CONCENTRAM 70% DO VOTO ESPONTÂNEO – OS DEMAIS SOMADOS NÃO CHEGAM A 10%. Lula aparece com 40% e Bolsonaro com 30%, ambos ganhando um ponto e voltando ao que tinham em maio. Ciro oscilou para baixo, com 4%; Simone e Marçal comparecem com 1%; nenhum dos outros dessa feita registra 0,5% de menções.
5. E COMEÇA A ESCALADA DA REJEIÇÃO DOS MENOS VOTADOS. À MEDIDA QUE VÃO SE TORNANDO MAIS CONHECIDOS, SEUS PERCENTUAIS DE “ NÃO VOTARIA DE JEITO NENHUM” CAMINHAM PARA ULTRAPASSAR OS 40%. O quadro abaixo, comparando dados da pesquisa anterior e da atual, evidencia a correlação entre a redução do desconhecimento e o aumento da rejeição dos nomes menos competitivos. Simone, Janones, Felipe e Luciano transportaram para a rejeição todo o montante de conhecimento que conseguiram adquirir – por meio de viagens, entrevistas e comerciais partidários – no intervalo dos levantamentos. Já o potencial de voto ( “votaria com certeza” + “poderia votar”) ficou estável para Felipe, e recuou no tocante à Simone, Janones e Luciano. Quanto a Lula, Bolsonaro e Ciro, conhecidos por quase 100% dos entrevistados, as atitudes aparecem “engessadas”, com movimentos muito discretos. O potencial de Lula declinou um ponto no período e a rejeição continuou igual. Em movimento inverso, o potencial de Bolsonaro cresceu um ponto e sua rejeição diminuiu na mesma proporção. Ciro veio dois pontos abaixo no potencial, manteve o nível de rejeição e, o que é raro acontecer, cresceu dois pontos o montante dos que disseram ainda não “conhecê-lo o suficiente”.

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