4º TERMÔMETRO DA CAMPANHA IPESPE/ABRAPEL (24/SET)

4º TERMÔMETRO DA CAMPANHA  IPESPE/ABRAPEL (24-SET)

Última fotografia da semana, pesquisa concluída ontem traz as opiniões e atitudes dos eleitores a oito dias da eleição. O que merece ser destacado? 

1. TOSS-UP. Se a eleição fosse hoje, ela poderia ser decidida, ou não, no primeiro turno. As intenções de voto de Lula (46%) ultrapassaram essa semana, pela primeira vez, a soma dos demais candidatos (45%). Em votos válidos isso daria ao ex-presidente cerca de 50,5%. Dada a margem de erro da pesquisa (3.0 pontos), o resultado seria uma incógnita. Ocorre que a votação só se dará no outro domingo.

2. LULA GANHA ADESÕES DE PESO E TERCEIRA VIA DEFINHA. O apoio em sequência, no espaço de duas semanas, com declarações surpreendentes de juristas de renome, artistas, ex-candidatos a presidente, do ex-ministro da Economia de Temer, e de personalidades do entorno de FHC, além da nota no mínimo anti Bolsonaro do maior símbolo tucano, fizeram o pêndulo se deslocar ainda mais na direção de Lula. Levando-o ao maior nível nos levantamentos do Instituto, 46%, distanciando-o 11 pontos de Bolsonaro, estabilizado em 35%. Mais importante para ele, os dois principais nomes da chamada terceira via recuaram. Ciro, de 7% a 6%. E  Tebet, de 5% a 4%. E nessa rodada nenhum dos outros candidatos atingiu 1%. No eventual segundo turno, a dianteira de Lula sobre Bolsonaro abriu agora mais um  ponto, marcando 54% X 38%. 

3. CONFRONTO FINAL. Os debates serão os momentos de maior saliência na  semana derradeira. O de hoje (SBT/CNN e um pool de veículos) embora significativo, terá provavelmente menor audiência por conta do horário (18h15), mas o da quinta, 29, na Globo, às 22h (após ‘Pantanal’), promete igualar novelas  do período glorioso do gênero. 55% pretendem assisti-lo no todo ou em parte, e ainda 25% afirmam que “provavelmente” irão vê-lo, apurou a pesquisa. Como até pequenas oscilações dos números poderão selar a sorte dos competidores, esse evento talvez aponte se a eleição irá, ou não, para o segundo turno. O resultado do que promete ser um ríspido embate entre os dois líderes é imprevisível. E os nomes da terceira via o veem como a grande oportunidade para se manterem de pé até as urnas. 

4. ACABAR DIA DOIS. Há um sentimento para a grande maioria de “jogo jogado”. De que a disputa presidencial deveria terminar logo. Aumentou para 70% os que querem a eleição resolvida no primeiro turno. Nada menos que 80% dos ouvidos responderam que já decidiram seu voto. Entre os restantes, 4% dizem que vão fazê-lo nos próximos dias; 5% aguardarão o último debate para decidir; e ainda 8% pretendem decidir só no dia da eleição. Números que  provavelmente trazem esperança para  candidatos que ainda esperam crescer até o pleito, mas sempre lembro que boa parte desses retardatários termina engrossando a abstenção. 

5. PARTICIPAÇÃO AUMENTA. Boa notícia é que nesses últimos dias aumentou de 13% para 19% o número dos que de alguma forma estão se envolvendo nas  campanhas. Mesmo tendo crescido, essa participação poderia ser maior, não fora os muitos casos de violência política que atemorizam a população, e deveriam ser exemplarmente reprimidos. Afinal, o grau  de interesse nessa eleição é inusualmente elevado (73%), com 58% dizendo que estão “muito interessados” nela. 

6. LULA COM MELHOR DESEMPENHO. Os fortes ataques mútuos na propaganda dos dois principais candidatos parecem ter deixado um saldo mais positivo para o ex-presidente. No cômputo geral, cresceu quatro pontos a opinião  de que ele está tendo um melhor desempenho na campanha, atingindo 44%. Bolsonaro nesse quesito continuou com os 34% da semana anterior. Lula também lidera com folga na percepção de que tem aparecido melhor no noticiário das TVs e Rádios ( 41% a 27%), nas notícias de jornais e blogs na internet (41% a 26%) e  na melhor propaganda na TV e  Rádio ( 38% a 25%). Bolsonaro ganha no que diz respeito a melhor presença nas redes sociais, mas por uma margem surpreendentemente pequena ( 37% a 33%) para quem tem amplo domínio nessa plataforma. E mantém-se o empate da semana anterior na avaliação de quem tem sido “melhor comentado nas conversas de WhatsApp” (32% a 32%).

7. FUNDAMENTOS CRISTALIZADOS. Com poucos dias de campanha à frente, após intensa exposição dos argumentos para votar e das possíveis razões para não votar no adversário, é difícil imaginarmos  a possibilidade de alteração substancial nos fundamentos sobre os quais, afetiva e cognitivamente, se erguem as intenções de voto. Nessa disputa que como sempre chamo atenção é singularíssima nacional e internacionalmente  -incumbente versus ex-presidente – o voto prospectivo-retrospectivo tem balizas claras: a avaliação do desempenho do atual chefe do Estado vis à vis a consideração retrospectiva, baseada na memória individual e na memória social,  do ex-mandatário. E o que se constata é que a Aprovação de Bolsonaro praticamente não se mexeu desde o início da propaganda eleitoral, apenas oscilando um ponto para baixo (no momento, 38%), o mesmo ocorrendo com sua Desaprovação que se  manteve em 56%. Com Lula ocorreu o mesmo, mas em patamares diferentes. Sua Aprovação permaneceu em  57%, e a Desaprovação recuou dois pontos (hoje é de 37%).