Entre brigas, bolhas e boatos, medo e raiva dominam eleitores

Segundo Datafolha, 72% dos eleitores se dizem desanimados; 74%, tristes; 81%, inseguros.

Francesca Angiolillo Folha de Sao Paulo

Quando comenta os sentimentos obscuros que cercaram os brasileiros neste processo eleitoral, a psicóloga Débora Salomão, 35, diz ter pena de todo mundo.

Na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (25), 72% dos entrevistados se disseram desanimados; 74%, tristes; 81%, inseguros. A maioria —51%— disse sentir mais medo do que esperança.

Até o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa falou em medo para justificar o voto em Fernando Haddad (PT), no Twitter, neste sábado (27). 

A compaixão que a fala da psicóloga expressa não é, porém, dos sentimentos mais predominantes na campanha.

Para o cientista político Antonio Lavareda, 67, autor do livro “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais”, a equação destas eleições opõe, principalmente, medo e raiva.

“Medo sobretudo usado na campanha do PT, medo do que Bolsonaro representa, medo da ditadura etc.”, diz. 

“Do outro lado”, afirma, está a raiva dos governos petistas —“da recessão, do desemprego, da corrupção, mais a raiva por aspectos identitários”.

Folha ouviu sete pessoas ao longo da última semana —três votariam em Jair Bolsonaro (PSL), três em Haddad e uma ainda não se decidira. Todos se enquadraram em algum ponto desse espectro emocional.

Como diz Lavareda, “emoções nunca são unívocas, aparecem num ‘blend’”, uma mistura. A reação de cada um seguirá aquela que prevalecer. 

Eleitor de Bolsonaro, o médico Alberto Antunes, 43, diz se identificar com a raiva “porque a coisa chegou a um ponto que não tem mais nenhuma condição de diálogo”.

Ele lamenta uma campanha “pautada por uma desconstrução moral dos candidatos —o que fez com a esposa, se gosta de homossexual, se não —e não em propostas”.

Débora Salomão, 35, que vota em Haddad, de certo modo concorda. Ela ressalta o papel negativo das redes sociais no debate —ou na ausência dele.

A psicóloga tinha seis anos em 1989, mas diz se recordar das discussões antes da eleição em que Fernando Collor (PRN) derrotou Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Falavam que íamos perder a casa se Lula fosse eleito. Mas a gente estava num campo democrático da conversa na rua, em casa”, conta. 

Ela vê, na bolha das redes, “dificuldade de dialogar com quem é diferente, trocar ideia, talvez mudar o ponto de vista”. “Bolsonaro não se dispor a ir a debates é símbolo-mor” dessa impossibilidade, diz.

Há quem veja na tal bolha o refúgio, como o estatístico Márcio Eduardo Maciel, 37.

Ele diz “não ter ideia de como funciona o submundo do WhatsApp”, a rede que se tornou a maior arma da campanha deste pleito. “Não participo nem do grupo da família.”

Mas, conta, usa Facebook, e lá “a gente vê como se fecha”. 

Maciel enxerga com desagrado a reação das pessoas de bloquearem os que votam no candidato oposto. Mas se diz acovardado, preferindo manter o silêncio fora de casa.

“Fico muito fechado na minha bolha, mais pró-Haddad, tenho medo de conhecer pessoas novas, de falar no Uber.”

Por ser gay, conta, tem muito medo de agressões nas ruas.

Maciel votou em Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno, por achar que o PT tinha que “curar o desgaste”. No momento, diz, não há outra opção senão Haddad.

A publicitária Eny de Oliveira, 51, afirma que não usa muito WhatsApp, mas chegou a cogitar que estivesse “falando com o espelho” ao ficar restrita às notícias no Facebook. “Todas as minhas informações de campanha vêm de lá, nem leio jornal mais.”

Ela afirma ter desconfiança da mídia em geral e das pesquisas. Considera seus amigos fontes confiáveis, pois são “profissionais qualificados, professores doutores da USP”.

Eny sente medo do partido de Haddad, que, diz, “agravou a corrupção endêmica do país”. 

“O medo que eu mais escuto e também tenho é que o PT acelere o processo do socialismo aqui.” Para a publicitária, uma ditadura de esquerda seria um risco real. 

“Acho que Bolsonaro não tem força para derrubar a democracia, ele é limitado.” 

Já Lula, a seu ver, “é muito perigoso, comanda o país de dentro da cadeia”. Antunes, por sua vez, vê nele uma figura a ser extinta.

Tonica Tavares, 55, e Antonio Amado, 65, são formados em economia e trabalham como corretores imobiliários.

Tavares diz ter “raiva e temor do PT na mesma proporção”. A raiva, diz, é pelos “desmandos e dos investimentos que fizeram fora do país”.

Como Antunes, Tavares e Amado creem que o dinheiro para obras como a ampliação e melhoria do porto de Mariel, em Cuba, com financiamento do BNDES, deveria ter sido empregado aqui.

Associam os investimentos ao pendor que veem no Partido dos Trabalhadores pelo autoritarismo de esquerda.

Para Tavares, “o país iria para uma ditadura de esquerda, já caminha para isso”. Ela diz ter “pânico e pavor absoluto de que o PT continue no poder; mesmo que Bolsonaro seja um desastre”. Por isso, diz que arriscará no novo. 

A raiva de seu colega Amado vem de o PT “não ter coerência, negar o próprio programa”. Ver neles “ódio, rancor, desejo de mandar dá um desconforto enorme”.

Como Tavares, ele prefere a possibilidade do novo, que diz ter podido afluir graças à campanha feita “por mídias alternativas, extremamente baratas e acessíveis”.

Ele e seus companheiros de voto dizem não se sentir influenciados pela profusão de mensagens no WhatsApp e atribuem o filtro à formação. 

Na opinião de Antunes, os mais velhos sofrem mais a “hiperbolização das fake news”.

Na sexta (26), o cineasta Sandro Serpa, 43, postou no Facebook um longo desabafo.

“Eu nunca vou perdoar os que fizeram isso com a minha mãe”, escreveu. “Isso” é o medo incutido, “que não vem do nada, mas de uma campanha generalizada de difamação”. 

Ele conta à reportagem da Folha que a mãe, pedagoga de 70 anos, “se informava pela TV, mas agora acho que é só internet”. 

O eleitor do PT (que, porém, “estaria fazendo campanha pelo Alckmin no meio da rua”) diz que só queria que a mãe não dissesse sim a algo que quer aniquilá-lo por pensar diferente —como pregou Bolsonaro em discurso no último domingo, 21. 

Depois de muita pressão para que a mãe mudasse o voto e de vê-la sofrer, presa na “rede de ódio e desinformação”, ele desistiu e aceitou a escolha. Por amor.

 

 

Bolsonaro ganhou a disputa das redes sociais

Por Monica Guglian/Valor 

Nem tempo de TV, nem carreata, nem comício. O primeiro turno da mais eletrizante campanha eleitoral desde a redemocratização foi vencido por um candidato "praticamente virtual". Vítima de uma facada no abdômen em 6 de setembro, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) passou os restantes 30 dias que faltavam da cruzada no hospital e em casa. Mas não deixou um segundo de estar longe dos seus eleitores. "O envolvimento emocional e a fidelidade a Bolsonaro se dá nas redes sociais. Para os apoiadores não importa onde ele está ou que é dito fora delas. A verdade é o que está ali no mundo virtual", diz Fabio Malic, um dos coordenadores do Laboratórios de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic). Bolsonaro soube usar e explorar as redes sociais, dizem especialistas. Elas mantiveram, fidelizaram e ampliaram seu eleitorado, que, segundo estimativas de especialistas, pode garantir a vitória no segundo turno, independentemente do seu desempenho em entrevistas ou debates. "Não há racionalidade nesta eleição. Só amor e ódio. E foi nas redes sociais que esses sentimentos moveram os votos", diz o professor da USP Gaudêncio Torquato.

Ao fim do primeiro turno, Bolsonaro voltou às redes para comentar a sua vitória. Enquanto seus opositores davam entrevistas ao vivo para as emissoras de rádio e TV, ele surgiu em casa e fez uma transmissão pelo Facebook sentado à uma mesa improvisada em frente a dois ventiladores, cujos fios apareciam no meio da tela. Ao lado do economista Paulo Guedes – que não pronunciou uma palavra e nem se mexeu – e de uma jovem que interpretava a linguagem de sinais, ele agradeceu os votos que recebeu. Quem esperava uma mensagem de pacificação, decepcionou-se. Era uma resposta aos eleitores que ao longo do domingo espalharam fotos, vídeos e mensagens, a maioria dando como certa a vitória do capitão reformado no primeiro turno. Embaladas na onda direitista e conservadora e alimentada pela revolta contra a corrupção debitada principalmente na conta do PT, as redes sociais catalisaram e espalharam sentimentos e preferências como nunca antes tinha sido visto. Estrategistas de Marina Silva (Rede), que começou a campanha com 11% das intenções de voto, constataram que ela foi desidratada a ponto de terminar o pleito com a estatura dos nanicos, em oitavo lugar e 1% dos votos. Mensagens em grupos de WhatsApp e Facebook, segundo esses analistas, pediam sem cessar o voto útil contra Haddad e o apoio a Ciro Gomes, levando embora votos de Marina. O decano deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) foi atropelado pelo mesmo fenômeno. Completando seu 11º mandato consecutivo, ele tentou uma vaga no Senado. Não teve nem chance diante dos mais de 4 milhões de votos para o deputado estadual Flavio Bolsonaro (PSL) e dos quase 2,4 milhões de votos para o deputado Arolde de Oliveira (PSD), que ficou em segundo lugar. A dupla deixou para trás o veterano César Maia (DEM) e Lindbergh Farias (PT). "Aqui, além do voto útil pregado pelas redes, enfrentamos a família Bolsonaro em seu território. Fora isso, os eleitores queriam renovação", diz Teixeira. Não foi diferente o que ocorreu com o ex-governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin. Com a maior coligação e um tempo recorde na propaganda eleitoral gratuita, Alckmin se preparou para alçar voo, mas não decolou. Aliados que atuaram na campanha dizem que, entre todos os candidatos, Alckmin fez o pior uso das redes. "Foi um erro nosso muito grande. Nossa campanha não percebeu a importância das redes sociais e investiu em soluções analógicas. Ignorou que essa é a comunicação", diz José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela. As redes sociais, segundo o cientista político Antônio Lavareda, foram essenciais para que Bolsonaro mantivesse a fidelidade dos seus eleitores e a imagem anti-PT. "E é essa imensa bolha que se retroalimenta que lhe dá grandes chances de vencer a eleição", diz Lavareda. De acordo com levantamento do Datafolha divulgado na semana passada, a maioria dos eleitores brasileiros (68%) tem conta em alguma rede social – 66% especificamente no WhatsApp. Neste ano de campanha mais curta, o dinheiro foi pouco e o tempo de televisão, breve. O aplicativo de conversa substituiu os demais meios e se tornou uma das plataformas mais importantes do pleito. "Não vivo sem o WhatsApp", diz o vendedor Jurandir Oliveira, baiano radicado em São Paulo e eleitor de Bolsonaro. Entre o eleitorado do deputado, a utilização do WhatsApp é maior do que a registrada pelos seus principais adversários. Segundo o Datafolha, 81% afirmaram usar o aplicativo, contra 59% de Fernando Haddad (PT), 72% de Ciro Gomes (PDT) e 53% de Geraldo Alckmin (PSDB). "A rede social, ainda que em alguns momentos não aumente o número de eleitores dispostos a votar em X ou Y, ela, sem dúvida, se encarrega de manter fiéis os que já decidiram o voto", diz Malic, do Labic. Nas 48 horas que antecederam o dia da votação, especialistas constataram uma espécie de corrida maluca de informações. Valeu tudo. Notícias verdadeiras, invenções e um absoluto descontrole. No Brasil, entre todas as mídias sociais, o WhatsApp é a mais complicada de lidar, diz Malic. Muitos o chamam de "buraco negro" porque é praticamente impossível controlar a disseminação de informação e desinformação que passam pelo sistema, por muitos chamados simplesmente de "Zap". Enquanto em países como a Índia uma informação pode ser compartilhada por cinco grupos, no máximo, no Brasil 20 grupos podem ser usados. "Há muito tempo que alertamos para a necessidade de uma regulamentação mínima que seja. Mas sem sucesso." Com esses ingredientes é muito fácil confundir eleitores principalmente porque, segundo estudos nos EUA, é imenso o componente emocional despejado em cada voto. Dessa forma, à medida em que aumenta o número de informações e mensagens, verdadeiras ou falsas, cresce na mesma proporção a angústia e a ansiedade do desconhecido que acabam por fomentar a desinformação. "No primeiro turno, debates, entrevistas, nada disso teve peso. As estruturas tradicionais dos partidos não funcionaram", afirma o cientista político e presidente da Arko Advice, Murilo Aragão.

Bolsonarista tende a migrar para Ciro, Alckmin e Alvaro

Por Cristian Klein / Valor Econômico

 

A menos de uma semana da estreia da propaganda eleitoral em rádio e TV, uma das principais dúvidas sobre a corrida presidencial é: quem se beneficiará da possível desidratação de Jair Bolsonaro (PSL) – que chega a ter 22% das intenções de voto mas contará com apenas 1% do tempo de TV. Na opinião de especialistas consultados pelo Valor, o espólio de eleitores de Bolsonaro tende a ser herdado, em sua maioria, por Ciro Gomes (PDT) ou Geraldo Alckmin (PSDB). Para o sociólogo Antônio Lavareda, há um vaso comunicante entre os eleitores de Bolsonaro e Ciro Gomes. Lavareda é adepto da teoria da inteligência afetiva, em contraste com as análises predominantes, na ciência política, baseadas na abordagem da escolha racional. O modelo destaca a importância das emoções – e não da racionalidade, pela qual se esperaria, por exemplo, que votos de Bolsonaro migrariam para Alckmin por causa da proximidade ideológica entre os dois. Mesmo estando à esquerda no espectro político, defende o pesquisador, Ciro pode ser o principal beneficiário da desconstrução de Bolsonaro. O estilo de Bolsonaro está próximo de Ciro – ainda que o pedetista se vista "ora de Lobo Mau, ora de Chapeuzinho Vermelho", ilustra Lavareda – e também se assemelha ao de Alvaro Dias (Podemos), senador que se "abraça" com o juiz federal Sérgio Moro na tentativa de ser o candidato anticorrupção, representante da Operação Lava-Jato. Os três presidenciáveis exploram em seus discursos a indignação, a raiva dos eleitores. Essa é uma das "modas", afirma o pesquisador, do sistema de vigilância, ou seja, do clima de opinião e de sentimentos quando a avaliação das pessoas é de que "as coisas vão mal". Quando a percepção de que a vida vai bem, o modo predominante é o sistema de predisposição, o que costuma se refletir em continuidade política. Lavareda desconfia de que esse vaso comunicante foi percebido pelos candidatos. "Fiquei pensando se, no debate, aquele tratamento carinhoso que Ciro dispensou ao Bolsonaro cabia a um possível herdeiro", afirma. Alckmin é ideologicamente mais próximo, mas nada garante que ao atacar e erodir Bolsonaro conseguirá ser o beneficiário da migração, argumenta. "Alckmin precisa crescer por suas próprias virtudes para eventualmente se beneficiar do movimento subtrativo de Bolsonaro", diz. A perda de votos do capitão reformado do Exército, acrescenta, também pode inflar as taxas de alienação eleitoral (votos nulos, em branco e abstenção). Nisso concorda o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, para quem a primeira parada do eleitor desencantado com Bolsonaro pode ser o alheamento. Um sintoma seria o fato de o crescimento do candidato do PSL, nas respostas espontâneas das últimas pesquisas estar relacionado à redução do grupo daqueles que dizem que votarão em branco ou nulo. "Na medida em que Lula sobe e se mostra forte, os antipetistas, os anti-Lula saem do alheamento e passam a votar no Bolsonaro", diz. Pelas inferências de Paulino, no entanto, Alckmin seria o maior beneficiário da desidratação de Bolsonaro. Como não há perguntas sobre o segundo voto dos bolsonaristas, o diretor do Datafolha toma como um parâmetro as preferências desse grupo nos cenários de segundo turno em que o candidato do PSL não aparece. Num eventual duelo entre Alckmin a Ciro, enquanto na amostra total o resultado seria de 37% a 31% a favor do tucano, o ex-governador de São Paulo amplia a vantagem sobre o pedetista quando se observam as preferências de bolsonaristas: 43% a 20%. A margem de erro, quando se recorta a amostra para observar um grupo menor de entrevistados, aumenta. Mas a diferença de oito pontos percentuais entre Ciro (20%) e Marina (28%), nos duelos com Alckmin, indicaria que os bolsonaristas, pela ordem, preferem o tucano, a ex-senadora e o pedetista. O resultado tem consistência nas simulações de segundo turno com Lula, nas quais os simpatizantes de Bolsonaro dão 49% para Alckmin e 43% para Marina, contra 18% e 19%, respectivamente, do petista. Apesar de identificar beneficiário distinto numa erosão de Bolsonaro, o diretor do Datafolha destaca, à semelhança de Lavareda, que nesta disputa o cidadão "não está votando por ideologia", mas pelo sentimento de raiva. Paulino conta que, nesta eleições, pela primeira vez, o Datafolha está gravando as entrevistas feitas em campo pelos pesquisadores. "Os entrevistados falam muito palavrão. Por isso, falo com tanta certeza que o desinteresse pela eleição não vem de uma letargia, é indignação", afirma. Para ganhar os votos de bolsonaristas, a tarefa de Alckmin, sugere Paulino, seria a de entender esse sentimento e apresentar soluções para problemas do eleitor típico de classe média. Na área de saúde, por exemplo, voltar-se mais para a regulação do setor privado. "Fizemos uma pesquisa com esse grupo e 96% reclamaram que já tiveram algum problema com planos de saúde", diz. Na outra dúvida que paira sobre a eleição presidencial – qual o potencial de Fernando Haddad- Paulino e Lavareda têm respostas semelhantes. O vice na chapa petista tem só 4% das preferências, mas será turbinado pelo apoio do ex-presidente Lula, líder das pesquisas, com até 39%, mas cuja candidatura deverá ser barrada pela Justiça eleitoral. Ambos projetam que Haddad terá cerca de 20% dos votos válidos. "Haddad está condenado a crescer", diz Lavareda. As contas se baseiam na transferência de Lula para Dilma em 2010. Lavareda usa agora o percentual de votos que Lula teria contra Bolsonaro, num eventual segundo turno, 52%. Pelo resultado de uma regra de três, daria 28%, mas o pesquisador prevê que, com Lula preso, a transferência para Haddad será em torno de dois terços do que foi com Dilma. Paulino toma como parâmetro as pesquisas do Datafolha em que 31% dos eleitores afirmam que votarão com certeza no candidato apoiado por Lula, índice que, em média, cai à metade quando a pergunta inclui o nome do apadrinhado. Descontando-se abstenções, votos nulos e em branco, o percentual ficaria próximos dos 20%.