Géssica Brandino Gonçalves Paulo Passos para Folha de São Paulo
Até agora, campanha à Presidência teve 34 pedidos de direitos de resposta.
Seja nos blocos do horário eleitoral, veiculados de manhã e à tarde, ou nos comerciais que entram na programação, as campanhas aumentam o tom dos ataques em propagandas no rádio. O mesmo acontece nas publicações na internet. Na comparação com a televisão, que tem o maior alcance e audiência entre o eleitorado, há mais citações aos rivais, críticas e até ironia.
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), houve até sexta-feira (21) 34 pedidos de direito de resposta na campanha presidencial. A maior parte —o número exato não é divulgado pelo tribunal —é para peças que foram veiculadas exclusivamente no rádio.
Com maior tempo nas propagandas, 44% do espaço, Geraldo Alckmin é quem mais cita e critica adversários. Sua campanha já teve 21 pedidos de direitos de resposta. O TSE aceitou um até agora.
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Alckmin teve que ceder 1 minuto de seu tempo de programa na terça-feira (18) para a resposta concedida pela Justiça eleitoral a Jair Bolsonaro (PSL). O direito veio após o tucano usar os primeiros programas para fazer referência ao trecho da entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional em que ele diz que votou contra a PEC das Domésticas em dois turnos.
“Ei, Bolsonaro: o que você tem contra pobre?”, questiona o locutor do programa fictício de Alckmin no rádio.
Na resposta, a campanha justifica o voto do deputado, critica a velha política e diz que é hora de virar o jogo elegendo “um presidente patriota e que tem Deus no coração”.
“Bolsonaro votou contra a PEC dos empregados domésticos por entender que tal medida geraria desemprego, informalidade e redução de salários a uma classe de mais de sete milhões de pessoas, o que de fato ocorreu. Muitos perderam o emprego por conta da PEC”, afirma o capitão reformado, que lidera as pesquisas de intenção de voto.
A decisão não fez Alckmin baixar o tom. No rádio, aposta em jingles curtos e cita outros candidatos como Marina, Álvaro Dias e, principalmente, Fernando Haddad.
Na internet, o tucano estreou a onda de ataques mais duros e diretos ao líder das pesquisas. A primeira vez que comparou Bolsonaro a Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela, foi em uma propaganda veiculada apenas na página oficial do PSDB no Youtube, na primeira semana da campanha. Foi também em vídeo exclusivo para a web que, pela primeira vez, acusou o candidato do PSL de agredir mulheres verbalmente.
Sem ataques ou citações nos programas de televisão, PT e PDT rompem o pacto de não agressão nas redes sociais. Vice na chapa de Ciro Gomes, Kátia Abreu provocou o petista Fernando Haddad em postagem na sua conta do Twitter, na última semana.
Numa imagem que reproduz o livro “Onde está o Wally?” está escrito “procura-se o Haddad no impeachment da Dilma”. “Tenho que rir. Não resisto. Turma é criativa”, escreve a ex-ministra de Dilma Rousseff.
“Tem pessoas que criticam ataques, apontado como algo ruim. Eu encaro como algo importante para a democracia. É democrático falar sobre algo que o rival não queira falar ou expor” afirma o cientista político Antonio Lavareda. “Não é qualquer comercial crítico que consegue resultados. Tem o efeito bumerangue [quando o efeito do ataque se volta para que o fez]”, completa.
Na disputa pelo governo de São Paulo, a propaganda no rádio tem sido ainda mais bélica.