Qual será o desafio que os militares representam para o novo presidente de esquerda na Colômbia?

O site The Hundred tem uma ideia simples: a cada edição, 3 especialistas fazem suas análises em 100 palavras sobre uma pergunta importante. Aqui três especialistas ponderam sobre a provocação: Qual será o desafio que os militares representam para o novo presidente de esquerda da Colômbia?

Para Sergio Guzmán, da Colombia Risk Analysis, Petro propôs reformas significativas no relacionamento com as Forças Armadas, como a retirada da polícia do Ministério da Defesa. Ele também estava comprometido em abrir um debate global sobre a guerra às drogas. É improvável que essas iniciativas políticas sejam bem recebidas pelos militares colombianos, o que provavelmente levará a atritos. Embora a opinião pública seja favorável, principalmente entre aqueles que protestaram entre 2019 e 2021, é improvável que suas visões mais radicais sobre a gestão das Forças Armadas sejam aprovadas pelo Congresso, permitidas pelos Tribunais ou implementadas por instituições militares.”

Silvana Amaya, da Control Risks, acredita que “Gustavo Petro tomou posse como o primeiro presidente de esquerda da Colômbia em 7 de agosto. Desde então, ele nomeou novos comandantes para as forças armadas e para a polícia com base na reputação dos candidatos, considerando que as autoridades de segurança que têm um longo histórico de corrupção e abusos de direitos humanos de quase seis décadas de conflito armado. As forças de segurança da Colômbia estão acostumadas a lidar com governos de direita e seus métodos. Consequentemente, embora esses oficiais respeitem o comandante em chefe, eles também questionarão sua estratégia para alcançar a paz total”.

Adam Isacson, da WOLA, organização de defesa dos direitos humanos nas Américas, diz que  “Os militares da Colômbia são uma força historicamente conservadora que já lutou contra o antigo grupo guerrilheiro de Gustavo Petro. As relações de Petro com ele podem ser difíceis, até porque seu ministro da Defesa, um advogado que combate a corrupção, pode agir contra oficiais poderosos. Tentativas de golpe são improváveis devido às tradições democráticas. Mas os oficiais podem agitar sabres por meio de renúncias raivosas, alianças entre comandantes aposentados e oponentes políticos ou obediência mínima a ordens civis. O combate ao crime, que afeta a vida cotidiana dos colombianos, pode ser um ponto crítico. Militares e policiais podem minar o presidente, cujo círculo íntimo inclui poucos especialistas em segurança, fazendo o mínimo necessário e permitindo que a insegurança piore.”